ANDAM EXIGINDO DEMAIS DO POBRE AMOR
ANDAM EXIGINDO DEMAIS DO POBRE AMOR

ANDAM EXIGINDO DEMAIS DO POBRE AMOR

Por Casal do Blog.
 

Pobre amor. Recebe a nobre responsabilidade de juntar pessoas, mas frequentemente se torna o autor de tragédias pessoais. É o culpado preferido de todas as desarmonias da vida.

Fico olhando para um casal que se dá bem e tento decifrar o motivo que os levou a dar tão certo nesse mundo de gente sem par. Eu creio que o segredo para viver a dois é ligar menos para as coisas que não contribuem. Sim, exigir menos do amor.

Ele não se veste bem, insiste em usar Allstar em todas as circunstâncias que conseguir e ela decidiu não se importar. Ela nem sempre está animada para se maquiar e acaba saindo de cara lavada, ele concorda que se maquiar sempre é um saco. Eles não se preocupam com que os outros vão pensar.

Ele não acerta uma só data importante com precisão, e ela acha graça de como ele é hilário tentando lembrar. Ela é péssima de guardar telefones e endereços, ele não se importa em repetir. Às vezes, ele não se lembra de pagar os boletos, ela fica de olho no dia do vencimento para avisá-lo. Ele não tem carro e ela sempre topa passeios esquisitos no final de semana de folga.

O amor que mais dá certo é o não normal. Ela chega chorando por causa do patrão grosso, ele se demonstra maduro e dá um conselho que faz toda diferença. Ele tem seus reflexos juvenis de jogar no carrinho de compras Yakult, Trakinas e chocolates, e ela faz piada com o jeito criança dele encarar o mundo.

Creio que o amor dá certo quando não fazem questão de participar dos casais super prudentes, quando não desejam fazer de tudo para ser do time dos amores modernos cheio de regras, complicações e expectativas.

O amor deles é natural, é real.

Eles se divertem com a cara de desconfiança das pessoas ao dizerem que não brigam por qualquer coisa. Na era dos amores velozes e conturbados, o casal que deu certo escolhe pegar leve com a vida, com os requisitos, com o outro.

Eles evitam gritos sem necessidade e riem alto quando ficamos trancados pro lado de fora da casa. É um amor que não faz questão de ser refrão da canção, mas gosta de ter seu ritmo, sua melodia e sua letra própria.

Para falar a verdade, eles gostam de ver a cara de espanto das pessoas quando contam que raras vezes se desentendem. Não que concordem em tudo, mas que escolheram não perder a comunhão por causa da mania de ter razão. Eles concordam que o amor foi feito para muito mais que satisfação pessoal, brigas intermináveis, ciúmes bobo, desconfianças o tempo todo.

Escolheram realmente amar apesar do erro, afinal, errar é humano, mas perder a vida discutindo, não perdoando, guardando rancor, deve ser de outro planeta.

Eles sabem que não amam um monte de coisa no outro, mas e daí? Seria isso suficiente para estragar uma caminhada inteira? Claro que não. Em tudo, a gente conversa, se arrepende, muda, resolve e bola para frente, oras. Sem histeria, sem elevar o tom, sem agressão de qualquer espécie, sem procurar culpados. Apenas decretamos juntos o final da encrenca e seguimos.

Andam exigindo muito do amor. A gente só exige ser amado.

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